terça-feira, 17 de julho de 2012

ENTROPIA - glossário

Ipê-roxo florido

Viva seu instante vegetal!
- Viva seu instante vegetal
todo
porque é o único jardim de vida
onde sua individualidade vegetal
estará sob o tempo
- que é chuva e sol
calor frio lua-maré
até a entropia da madressilva-das-boticas fora
- dentro do madrigal da madrugada
na voz do galo canoro

Viva seu período vegetal

dentro da faixa da tabela Periódica de Mendeleiev
que cria o tempo de existência de um átomo
do hidrogênio com massa atômica um
ao último descoberto ou sintetizado

Viva de sua alma para dentro

o tempo vegetal
esquecido dentro dessa floresta
que  separa do mundo "lá fora"
onde os próprios vegetais
travam batalhas ferozes
por um espaço mínimo de terra
ar e água e fogo solar
na guerra do leite e mel derramados

Viva o vegetal que lhe dá vida

alma ou espírito
para dentro
pois lá fora
amanhece a sociedade com o padeiro
mão na massa
olho no forno
Lá fora só existe frustração
guerra vegetal selvagem
com as Fúrias prontas para matar

Viva a vida do vegetal

que todo ser vivo possui em si
e não permita que o mundo lá fora
no pasto ou no campo ou na restinga
rompa sua fronteira
com legiões romanas e angélicas naturais
para conquistar seu território sutil
de aldeia mansa localizada na barra-da-alva
e na flor-de-laranjeira que cheira!
no nariz de um amigo vivo
- vegetal
dentro do vegetal
que é o paraíso
onde há vida
e, por isso,
é o Jardim do Éden
o Jardim das Hespérides
com seu pomo de ouro

Caso

acaso
as ervas casuais do caminho
daninhas
invadam seu jardim ao ocaso
melhor suicidar
que lutar contra a força  invicta
das hostes de vegetais inimigos
diabos no verde
- demônios na clorofila
que então de doce
se transforma na indústria do amargo
até a morte
sob infindáveis torturas
da inquisição dos vegetais
- que, outrossim, condenam o réu
inquirido
à fogueira do sol
sob céu
porquanto da sociedade ocidental
de onde escrevo
o corpo a corpo
entre o homem e a mulher
passa de olho em olho
a olho a olho
até quedar no olhar

Todavia antes de se suicidar

seria melhor lutar
arrostar os demônios exóticos
porquanto os diabos autóctones
conhecem cada palmo do caminho para o interior
quanto mais o caminho se interna
e fica longe das termas

Lá dentro do ser humano

no fundo de sua alma vegetal
uma noiva tece uma aldeia com uma grinalda
para a vida continuar
no ato de nascer o amor
- única fonte do nascimento
natividade
- origem da natureza e da vida
que vem empós o amor
em salvas
( e saúvas também! )

quarta-feira, 11 de julho de 2012

TULIPA! - wik wiki enciclopédia delta



Em meio de uma floresta com flores negras
- ( tulipas! )
a qual segue andarilha
até o Hiperbóreo de Píndaro
( na transliteração dos Píndaros?! )
com pés de flor e folha
com frondes em nascimento
e vegetais alcatifando
calcando
calçando o solo
( solo emocionado para violoncelo belo!
  - emotivo e grave na voz das cordas
que acorda o acorde
e na fronte do violoncelista
com o enorme instrumento
quase ao colo do músico apaixonado
em "Pièta" ao anverso
de pai e filho... )

Uma floresta que cubra o chão até o Hiperbóreo

vá além do boreal
pelo caminho norte
ida e volta
- que una os pés e passos
( em águas e terras )
com a terra Hiperbórea
aonde possa pisar com palmilha de erva
subir pela liana
ao encontro do vento norte
- ( Bóreas! )
e dos Hiperbóreos
o povo da terra Hiperbórea
com pés arraigados ao solo
- de clarineta!
( Solo para solipsista
coro de eremitas
sátiros e faunos à fauna
- que flora!, ó Flora!
alma ou vida em vegetal
sobre o solo sobranceiro mineral
- meu corpo anatômico-fisiológico a uma passo da erva do caminho! )

Do austral

a mesma distância
guarda os passos da floresta
- da floresta protegida por mambas negras
que são menos perigosas e peçonhentas
que a política dos homens
e mulheres que enveredam
por este caminho tortuoso sobre o espinheiro
- nada espinhal
espinal
espineta
clavicórdio
cravo
virginal
cujos passos calcam urzes de engenheiro
cardos tardos nos bardos em baladas...
- embaldas pelo corifeu ao vento
moinho de tudo
moenda de cana pela alma
do moleiro mole
à mão melíflua de Rodin
plasmando o pensar em pedra
no Pensador

A este e oeste a floresta

também tem passos de distância
que asseguram ao eremitão
sua solidão perene
Ali o ermitão sobrevive em paz
com a ermitoa
em outra tebaida
ou em solitude borbulhante no riacho
com cacho de cabelo
enrolado nas águas
que descem a pequena cachoeira
torvelinho de água
em declive   
Lá quero viver
a dois vôo de distância
do bútio de separa céus de homens
pondo asas abertas na envegadura
longe de terras e águas
de onde pode atirar o homem
com arcabuz
mosquete...
( Um búteo
em nomenclatura binomial
se escreve no latim da ciência : "aquila heliaca"
nome duplo e apto a designar sua origem
ao dizer do oriente
ou oeste
ou lugar do levante
do sol
do hélio ;
daí "heliaca"
que em nome vulgar designa a Águia-imperial-oriental
- um bútio
no latim : "buteo buteo" )

A  cachoeira ruidosa!

- que em si maior
é uma sereia cantante
entre as pedras cinzentas
e os peixes esquivos
e os girinos em coro silente
cantando no silêncio do vento
hinos de louvor à água
do batista João
homem e santo de Deus
que odiava política
de fariseu e romanos
- de homens e mulheres!
( Outrossim, a religião é uma política sórdida!
Excepto para essênios
cartuxos
trapistas...:
monges e monjas de fato
não imiscuídos no direito
das Ordens que ordenam
e ordenham o rebanho humano
Todavia, todo e qualquer indivíduo
é um monge ou monja
branco ou preto em vestuário
( porém não no estuário social! )
- um ser solitário em marcha
pelos campos e vales em lírios sorridentes
na travessia em solitude bravia
pela terra sem senhores
aonde nem Deus é senhor
- onde somente o solo é senhor dos pés
os quais o têm por escabelo
com o céu por cabelos
de noite escura no véu
que vela a vela
com nigérrimos cabelos soltos
até a cintura
da bela mulher jovem
em sua plenitude floral
refletida nos cabelos em azeviche
dentro da noite negra
no morcego
na treva que risca o trevo
no rascunho
riscado
do mocho
a lápis preto... )

Entre as águas encaracoladas em cachoeiras

nas corredeiras lépidas da torrente
a terra úmida ou seca
plantada sob ervas
posta em piso arabescados
ou com árvores e arbustos
rosados na flor
ao rosicler cálido na aurora
o fogo queimando na fogueira do sol
 - o ar por respirar
a fazer voar
sustentar o voo
e a vida
na vela e no vento que a sopra
que a acende e alimenta o fogo da vida
ou pode apagá-la
e destarte cortar o cordão de parta da vida

Ali quero viver

sempre hiperboreamente longe
de toda política espúria 
dos homens quando se juntam
ou se alienam em alguma profissão de fé
quer seja de monge
ou profeta em confraria
( Tudo na fraternidade
branca ou preta
apodrece na mendacidade
até chegar à mendicância
à miséria humana
à indigência do ser humano )

Contudo, se não houver floresta
com negra flor
negras folhas lanceoladas
rio negro
tinto
retinto de treva
para banhar e beber...
Ar rarefeito
de montanhas rochosas
cordilheira dos Andes
Alpes ( Alpes dos alpinistas!
Alpes para o alpinismo
a brancura e alvura dos Alpes
dos alpinistas
- do alpinismo
no Monte Branco
alpino
albino  )
Apeninos...
Terra preta
onde pisar solo
não erodido
e mamba negra
para afugentar o mal humano
excedente em economia política
- então quero fugir! :
Quero a evasão dos poetas românticos
a pastoral dos árcades
poetas do Monte Parnaso... :
Quero,  quero-quero
refugiar-me
achar refúgio
na aldeia congelada na imaginação do arquiteto de avantesma
- abantesma!