Fico olhando retratos
de mãe,
Então em tenra idade,
Muito antes que este
andarilho(andarilho!)
Chegasse em companhia de milhões ou bilhões
De espermatozóides a
caminho
De seu útero
( todos na Companhia de Jesus).
Hoje, e ontem também,
ela já era saudosa,
Porém, lembro-me dela
a meu lado
Admirando as fotografias
E me falando que era
então conhecida,
Na sua aldeiazinha de duas idéias,
Pela sua beleza esfuziante
Como “A Deusa de Joba”.
Dizia-me isso com voz límpida,
Sorridente e orgulhosa,
Com mente e corpo em sanidade latina,
Sem latinório macarrônico de finório,
Pois era simples e sem pretensão,
Sem arrogância ou a vanidade
Que caracterizam tantas mulheres tontas ,
Eivadas de tinta na cara
E voz empostada,
Comportamento afetado.
Não, não era da
infantaria dessas mulheres :
Era simples como as pombas do ensinamento de Jesus,
Mas não tola, tinha
inteligência e certo verniz de erudição:
Lera Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Álvares de
Azevedo,
Dos quais recitava os poemas mais célebres.
O tempo rodou a roldana
E mãe, então, a cavaleiro da velhice,
já tocava o violino
com voz ranheta
E canções tristes a
par de Alfred de Musset,
Cuja vinheta era a tristeza (“Tristesse”)
Daquele poeta musical
Que sofria do mal do
século.
Ela, naquele tempo, padecia de depressão crônica
E do mal secular de tomar
Mais remédios do que pedia a fisiologia,
Mas que atendiam o bolso do médico
E dos laboratórios, monstros da ganância.
E esses remédios, pouco e pouco, remendaram-na,
Não a remediaram
antes juntaram aos males ,
Que abundavam à medida que aumentava a dose
E a conseqüente dependência química,
os efeitos colaterais.
Fármacos a tornaram rota
E sem rota margeada por margaridas álacres ,
Alecrins alegres,
Lírios líricos no campo e na vida,
Que é um jumentinho de Jesus a caminho do reino
Ou do templo em Jerusalém,
Onde Deus estava... –
mais além
Que o próprio propósito do além:
A mil milhas dali!
- e de Salvador Dali,
Porém não do pintor Marc
Chagall,
O rei da aldeia russa.
Mãe vivera numa aldeiazinha dorminhoca,
Dormindo a sono
solto,
Com sonho centrado
em duas ideiazinhas de Mariazinha
Ou Mariinha, como minha avó era conhecida pelo vulgo:
Uma idéia em branco e outra coberta de negro,
Da cor da cobertura de chocolate da noite
De alma negra e tempestuosa
Qual a imagem do “Senhor dos Passos”
Que, em verdade era de roxo
coberta
Durante a semana santa;
A idéia em branco
Estava em branco no papel
E evocava a barra da alva com fragrância de flor de
laranjeira
E o prata do rio ou da estrela da manhã
Em algumas visões com o ângulo do sol de pintor,
Olho de aquarela solar.
A disparidade das “cores”
Abria os olhos para o jogo de xadrez na vida
em lances de azares políticos :
azar de ter tais políticos eleitos
por um povo pobre de tudo,
perdidos entre o indígena e o negro banto,
o português e o holandês
e outros piratas e degredados
que aqui aportaram
ao aproar da nau Cabrália
onde logo,logo se
miscigenaram,
criando a mixórdia
que é este país sem pai nem mãe,
de marimbondos sem eira nem beira,
na pasmaceira.
Numa aldeiazinha com uma ponte,
Um rio para a cor da prata ou da palha
Ou do carmim no urucum,
Conforme o ângulo de olhadela do sol-pintor,
Um lado do rio para cada cidade,
um povo entre os índios cariris
Que ali floresceu no barranco,
E, por fim, duas
idéias em cores,
Que não são mais consideradas cores
Com o preto no branco
Em todos os sentidos
Inclusive no coito e na coivara.
Meditando sobre os dias de vida
De minha mãe sobre terra
Concluo que a existência humana
Que se passa do embrião ao feto,
Após a viagem e guerra dos espermatozóides,
Após o nascituro
O ser humano vem a lume
Na pele do recém-nascido
Ao sair do corpo da mãe
E entrar no corpo da
terra,
A outra mãe,
Que, outrossim, alimenta-o e cria
Com clorofila em vegetal
Dando impulso ao vegetativo sistema de pensar a vida,
Que tem um “cérebro” à parte no corpo humano :
O sistema nervoso vegetativo,
Que nos sustem com vida inteligente
( o sistema nervoso central
É um sistema, em
geral, estúpido,
Porque influenciado pelo corpo político
Com o qual nos cobre a cultura,
Cuja essência é a mentira e a hipocrisia,
Que nos mata por fora
e por dentro d’alma).
Depois da infância em feliz estância
Enquanto criança
impúbere,
Devém o menor púbere,
na adolescência ,
Segue vida adulta, velhice e morte,
Sendo a velhice o pré-natal
Para outro natalício : a morte.
A morte é a travessia
A motor de outro comboio de “espermatozóides”
Que nos levam do lume do lucífero vaga-lume,
Do qual o sol é o maior,
Para o escuro de onde originariamente viemos
N primeira natividade do nosso Cristo interno e externo,
Em corpo e alma,
Corpo humano anatômico e fisiológico
E alma filosófica ou onto-teológica:
Tudo que quase inventamos
Com a cultura que muda posturas
E tantas coisas táteis e não-táteis
Que juntamos com a arte de atores e dançarinas
Em linguagem que quase fabrica outro corpo e alma
- Recriados, inventados, reinventados....
No corpo negro,
percebido na linguagem da equação de Planck,
Como radiação de corpo negro?!...
(Para o paralivro “Poemas em Voz Ranheta para Recitais em Radiância
Espectral em Função do Comprimento de Onda
Senoidal e de Temperatura do Corpo Negro: Lei de Planck”).
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